sábado, 9 de julho de 2011

A Era do Rádio

Da visão de um menino se configura a era mais preciosa. Nas décadas de 30 e 40, entre guerras e luxos, uma família observa os acontecimentos através desse aparelho tão querido e indispensável, o rádio. Escrito e dirigido por Woody Allen, A era do rádio é um filme que não surpreende com cenas impactantes, mas sim, na apresentação hilária do cotidiano das pessoas, sempre acompanhada de melodia.

O menino Joe (Seth Green), personagem central, narra e revive as histórias do filme. Através dos programas preferidos de seus familiares - “Café da manhã com Irene e Roger” ouvido por sua mãe, “As maiores lendas do esporte” que seu tio adorava e “O tribunal do relacionamento” escutado por seus pais - Joe conta a diversidade do rádio e traduz o modo de vida da época. Ele também era ouvinte assíduo e fascinado pelas aventuras do “Vingador mascarado”.

Joe leva sua memória ao glamour dos salões de festas freqüentados pelos astros do rádio, à personagem Sally White (Mia Farrow) que sonhava em ser cantora, e também aos lugares fascinantes que passeou com sua tia Bea (Dianne Wiest), que vivia às voltas com pretendentes, louca para se casar.

Diversos personagens e episódios verídicos engrandecem o filme. Em meio à Segunda guerra mundial, o rádio é a fonte principal de notícias. A informação sobre o ataque à base norte-americana de Pearl Harbor, logo toma o espaço de um programa que estava sendo apresentado ao vivo. O poder desse veículo também  é capaz de confundir realidade e ficção, como ocorreu na transmissão de um episódio do cineasta Orson Wells, sobre a invasão dos marcianos. Ao ouvir a narração sobre a chegada de marcianos à terra, muitas pessoas na época pensaram que isso estava realmente acontecendo, e ficaram apavoradas.

A força do rádio interfere até na religiosidade. Certa vez, a família de Joe fica irritada com os moradores da casa ao lado, pois eles estavam escutando música num dia religioso considerado impróprio. Então, seu tio Abe (Josh Mostel) vai até lá tirar satisfações. Já na casa do vizinho, ele é envolvido pelo ambiente do lugar com boa comida e música, e esquece toda indignação que te levou lá. Minutos depois, ao voltar para sua família, Abe trás uma concepção bem diferente: “A religião é o ópio da massa”.

E o pequeno Joe vai vivendo assim, nos arredores da cidade em busca de aventuras com seus amigos, e na sua casa de ambiente inquieto e hilário, porém harmônico e verdadeiro. Com a família numerosa de tios, prima, avós ele encontra a leveza da união familiar ao redor do rádio. A trilha sonora nostálgica que acompanha o roteiro do filme se confunde com as músicas mais belas, ouvidas principalmente por sua tia Bea numa tarde tranqüila na varanda de casa.

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